segunda-feira, 14 de junho de 2010

Começo de semana.


Não era um dia mais que os outros, apenas horas de puro aconchego, o frio se infiltrava em minhas entranhas, mas aquecia meus olhos, os enchia de amor e de ansiedade. Uma vontade que me consumia, a de chegar até o topo daquela montanha e olhar para todo o espaço que o bicho ainda não havia devorado. Participava da imensidão azul dos pássaros e resgatava, cada vez mais, ar puro para meus pulmões. Um contraste imediato consumia meus olhos, cores quentes e frias excitavam-me, e em seguida, a calmaria. Liberdade extrema ainda não nos pertencia, o frio exigia abrigo. Enlaçado ao fogo que nos aquecia, tornou-se suportável, mas mesmo assim, ainda havia concreto. Para a maioria que ali pertencia, nada mais que demonstração-percepção, para mim, muito mais do que civilização. Mais contrastes. Era hora de sentar-se em frente ao sol e aplaudir o espetáculo do dia, canções brotavam de minha boca, sons mirabolantes em meu ouvidos, cores em fusão com meus olhos e, minhas mãos em contato com o solo aveludado, sentidos-vivos. Segundos eram suficientes para clamar por sonhos, saudades, imensidão, foi um momento em que nada me escapou. Uma solidão de que todos compartilhavam, e mais uma vez, me perdi em mim mesma, torcendo para que ningém me encontrasse. No momento em que os pingos de luz caíam sobre minha cabeça, sabia que o dia seguinte seria quase diferente, ou igualmente reluzente. Quando abri os olhos novamente, era dia, e só o que eu via, eram aquelas lonas verdes, estendidas bem no baixo, outras bem no alto, quase do meu tamanho, e a única coisa que me disseram foi a respeito dos campos, campos que pertenciam a um tal de Jordão. Feliz esse que soube preservar seu verde.

Um comentário:

  1. Lizandra,

    do manto negro da noite, um manto com feixes de luz faz nascer manhãs e nos acalanta de beleza!

    texto lindo, lembra da minha terra,

    ResponderExcluir