domingo, 28 de março de 2010

A África dos meus sonhos.


Em um surto diário redijo algo além do egocentrismo, dessa vez, algo em prol da união, não apenas interna. Verbalizo pensamentos e almejo realizações, que não seja apenas um sonho.

Hoje, me encontro no berço da humanidade. Moçambique, soou súbito. Acordo-me e não vejo nada que me entristeça. O verde, onde quer que eu me encontrasse desviava a atenção de meus olhos. Em um momento de ansiedade em registrar tudo o que me era prazeroso, as criaçans se aproximavam. Eu, na minha mais presente ignorância, oferecia meu pão e apenas pensava na fome. A menina do laço agradecia e dizia que a aguardavam para mais uma refeição. Nada mais que excêntrico no momento. Eu havia aprendido que a África era a terra da desigualdade imposta, primitiva e da fome constante. Tudo iria contra tudo que que me haviam proporcionado. Aquela mínima parte em que me esclareciam que, para conflitos como esse não havia solução, era mais uma vez sede de poder. Eu sempre acreditei em um mundo melhor, onde a parte valia pelo todo. Não haviam mais conflitos raciais. Tanto a do sul, como a do norte faziam parte da mesma linhagem. Para mim era só o começo. Eu só queria saber de observação e que aquele momento único não acabasse jamais. Um sorriso aberto nos lábios de quem nunca soube o que era felicidade. A África diferente de todos os outros, inclusive dela.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Positividade

Hoje, a música teceu palavras que me esclarecem.

Eu me precipitei
com coisas que pensei
e recebi uma grande lição:
Nem tudo é como a gente quer.
Desde então finquei meus pés no chão.

Sou réu, confesso,
e nesses versos assumo
já que errei.
Liberdade eu tanto prezo quanto prego
mas desrespeitei.
A felicidade tanto existe
quanto insiste todo dia,
basta eu captar.

Sentimento não dá pra se cobrar
Amor é coisa pra se conquistar
Lua cheia
O ton de odoiá
doce som do mar.

Vibrações Rasta - Eu me precipitei.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Desordem crescente


Saudades de tudo aquilo que particularmente me acrescenta. Uma falta tremenda daquilo que nunca me pertenceu. Estaria completa do que me circunda, mas o mais sempre me agradou. Circunda-me e acrescento-te. Espere o dia em que não haja mais contradições, se ele não chegar, irás conhecer a infinidade que possuímos. Sempre, o amansamento do prozear, aceitar e impossivelmente revidar, mas agora a brutalidade da quase imposição. Sentia que minha inocência me escapava pelos dedos. Nada mais começava do fim. Meus registros deixavam de ser muletas.

Continuava escrevendo. Rotina para minhas mãos, fartura para meus olhos e mais ainda, inquietação para meu coração. Meu caleidoscópio de idéias. O verde me oferecia liberdade, o amarelo, infinitamente, a luz e o vermelho, meu prazer interrompido. E na fusão, fez-se a música. Nada mais me pertencia, eu só sabia ouvir. As palavras? Eu já não as possuía mais.

Nesse fragmento, a RAIVA, sempre momentânea, mas continuamente incômoda. Na realidade, a chamavam de ciúmes, mas no mundo onde prevalecia a calma, seria sempre a parte mais linda do todo, o equilíbrio. Apesar das gotas na face escorregadia, eu desejo, com toda a minha essência, a paz. E aquela, que seja eternamente passageira.

Que tudo continue subentendido e fragmentado, testando fins e encontrando meios. Para mim, seu toque eterno. Para você, meu mais sincero jargão. Para nós, o infinito estritamente particular.

Hoje, foi bom falhar. Amanhã, melhor ainda, sonhar. Renovações é o que eu espero. E o sorriso, eternamente pregado em mim. Assim, mais uma vez, o silêncio do meu grito.

Antes de dizerem que eu elouqueci, palavras de acalanto brotaram. Agora mais do que nunca, a mudez. E ninguém sabe até quando, imensa estagnação.

Repetindo-se, o silêncio do choro.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Análise pessoalmente sintática.


Escrevo com o intuito de tocar-te também, sujeito oculto. Hoje, sujeito pensante, desejo, entre olhares, eu povoando seu pensamento. Oculto e pensante, mas muito mais intenso, ao meu ver. Povoando-me, dessa vez, suas palavaras e seu silêncio se encontravam além de mim, e logo em seguida, poesia. Atentamente, observava sua facilidade de ser emoções, e concluía, não eram apenas sensações, também havia a capacidade de absorver tudo o que lhe era conveniente, ou não. Reafirmava, aquela necessidade de sujeitos quase simples, únicos, sempre tentando adaptação; dizia, 'sou o que sou, senhora identidade'. No entanto, com uma essência única, mas parcialmente oculta, não mudava, dava significado ao ocorrido, e eu, registrava novamente, alguém sendo o pressuposto de minhas ações. Não fingia absolutismo, tentava relativismo e vivia neologismos. Mutuamente o querer, esse alguém e eu. Enchergava o momento em que, na excessão, seríamos simples e compostos. A complexidade era excessiva, mas não me fazia parar, era sempre positiva, estímulos gerando estímulos, diziam até, que era indeterminada. Agora, acordada, penso: 'sempre a realidade', ela com aquela capacidade de trasformar o que somos. Dessa vez, não era apenas sujeito, mas um sujeito inexistente, até o momento em que eu te reencontrasse e pudesse te olhar no olhos e dizer-te: 'Acrescente-me, diversidade.'

quinta-feira, 11 de março de 2010

A praça.


Me sentia quente, eu estava aquecida de emoções, minhas bochechas concentradas ficavam rosadas a medida que me aproximava. Eu estava rodeada de distintas expressões, minha fobia aumentava. Não era asco de multidões e sim uma vontade de estar só, apenas por aquele momento. Sabia que não seria possível, dessa vez, nada de egocentrismo. Minha obsessão pelas letras prontas havia voltado, eu apenas me sentei e fiquei a observar. A menina de mãos inocentes abraçava o pai recém chegado, a boca bruta cheia de marra gritava 'truco', os pés andarilhos cheio de experiência e vontade teciam arte e eu apenas resgistrava. Eu sabia que tudo aquilo fazia parte de mim. Meu coração só sabia bater no embalo do seu, por isso, pedi que sentasse ao meu lado e compartilhasse daquela ascenção. Já não era mais fobia, mas vontade de compartilhar sentimentos, relatos e ações. Diversas essências usurfruindo de um mesmo todo. Tudo e nada nos pertenciam. A única certeza que eu comportava era que o amanhã viria e, você faria parte dela. Fundindo os dois mundos que nos moviam, idéias e sentidos, voamos. O Sol cedia seu lugar à lua e das nossas palavras neblinadas resurgiu intensidade, não era conhecimento, era o próprio reconhecimento.
Novamente, eramos nós. Naquele instante, a infinidade e diversidade prevaleceram, e quando fosse parcialmente luz, o coreto não seria o centro.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Hoje, o silêncio.

Entre linhas tortas, escrevo.
Seus olhares pregados em minha alma.
Sua essência enlaçada a minha.
Caminho, sem pensar.
Você, constantemente, me deixando calada.
Interrompida, continuo a criar.
No momento, o silêncio e mais nada.

Enquanto fizer parte de mim, torna-se impossível um enfim.

sábado, 6 de março de 2010

Saudade, o vício que não demora.


Nada mais complexo, foi a vez do para si, dizia e contradizia o eu, e sempre vencia. Aprendia a lidar com sua liberdade, permitiu a idéia de poder seguir o que almejava. Para o futuro e sem rumo ela seguia. Naquela noite, ela cultivava algo dele, e ele retribuía de uma forma maior, era uma troca imediata de energias, e para testemunhar, a imensidão do mar e a circuferência lunar, eles permaneciam. Nada ao redor existia, o momento era só o presente, quando eles menos esperassem, iria ser presente novamente. Sob a infinidade do manto negro, ele a tocava, e ela , se permitindo, acariciava seus cabelos, a troca de olhares era algo involuntário e, o sorriso quase se fundia. Era contínuo, um zigue zague de nariz, e sem que imaginassem mas desejassem, surgia-se o toque de lábios. Depois de unirem palavras, fez-se o silêncio, a areia em sintonia com o mar explodia. Disparava o coração, uma desordem emocional. Um abraço para enlaces de boas energias ascendia e, a ambiguidade carnal desenvolveu o singular, eram almas que se equilibravam sobre um único perispírito. Agora, não apenas se completavam, ainda mais se acrescentavam. Nada que estragasse o momento poderia ser feito, o sorriso estava pregado em suas bocas. Conseguiam ser iguais e diferentes simultaneamente, por isso, ainda, a presença da contradição indispensável, eram rápidas ações, mas não menos intensas. Guardaram, sem ter por que, uma explicação. Tudo isso prevalecia para entoar o jargão da essência-una, te amo, amor. Continuava. Flashes de realidade apareciam, ela só queria saber de nós. Adormeceu. Nascia o senhor luz. Sempre quando amanhecia a saudade surgia. 'Acorde, ó amor!', ela rezava, era tarde, as quatro paredes a rodeavam novamente. Do sentimento mais sincero que nascesse ela sempre guardaria para si, o melhor, tudo e a saudade.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Modificando sons.


Gritar, nós gritávamos. Do jeito que pulsou, gotas vermelhas escorreram, a paz precisava reinar. Quando se fez, todos se aproximaram e as gotas voltavam a escorrer límpidas. A tristeza não estava ausente, mas compartilhava de algo raro. 'Seus olhos te denunciam' diziam, mas nada podia ser feito, nós só sabíamos ser sinceros. Sentíamos toques recíprocos, o coração pulsava para nós e para você, você então confirmava, nunca fomos um. Nós, com nossas mãos estendidas e você com toda sua beleza convidativa, seguíamos e insistíamos, longe do barulho, tudo era silêncio. Ela não era o presente, a realidade apenas estava assim, estávamos nos adaptando ao ser, e tempo, era tudo que necessitávamos. Não diga que somos previsíveis, somos vários e somos únicos, cada qual ao seu valor: a partir de tais pressupostos insistimos, o silêncio. Liberdade do externo preferíamos, cabia mais, para nós, sempre o mais difícil, cada vez mais o interno. Nós pedíamos o desvendamento, nunca a aceitação, éramos o que nos ensinaram ser e, adiante, o que nos dava prazer. Sentimentos avassaladores de um doce coração que só queria vencer, venceríamos, como era de costume. Assim, seguíamos a linha vital, ações, depois de muita reflexão. Você constantemente em nossa jornada, e mais uma vez, não seria diferente. O grau de complexidade emergiu e pela primeira vez, não fugiu, era a nossa vez de abstrair, palavras cambaleantes saltaram e mais uma vez fundimos razão e emoção. Tudo brilhava, nossos olhos sorriam. Enfim, agora nós já sabíamos, bastava gritar.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Aprendendo costumes.

Eles costumavam falar de amor, e eu só sabia ser amável, as pessoas me rodiavam de carícias e eu retribuía sem questionar. O dia era cor, e a vida era a mistura de todas elas, quando me falavam dos dias cinzas, eu apenas me calava, nada que predominasse em minha passagem, mas algo momentâneo que eu aprendia a lidar. Era de meu costume sentar-se junto à janela, um pouco mais do mar verde. Lá, o mundo era pequeno, porém não menos errôneo e instigante, e com meu livro-diário a tiracolo, eu apenas contemplava e me questionava. Tudo que estava ali, estava em mim, era uma espécie de ascenção humana, sugava tudo de agradável que me proporcionavam, o desagradável me consumia involuntariamente também. Estaria registrado o meu egocentrismo, porém nunca petenceria a mim infinitamente, tudo estava em constante mutação. Eu tinha o costume de generalizar, mas sentia que faltava tanta coisa dentro daquele tudo, convencida de que nunca seria suficiente eu só sabia escrever. Sentindo a ausência presente, novamente, voltava ao 'meu' mar verde. Mais uma vez, meus pensamentos sussurravam amor e eu como visitante o deixava sorrir, esquentar e permitir, e só depois eu retornaria para casa, com uma dose maior, sabendo ainda menos o que seria, mas mudada e livre para um ser novamente.

"...sou cada vez mais, eu que não me sabia
e cansado de mim julgava que era o mundo
um vácuo atormentado, um sistema de erros."

Carlos Drummond de Andrade.