quarta-feira, 14 de julho de 2010

Primórdias confissões! Do jeito que chegou, se foi...

Deixando que o tempo se encarregue de sua cicatrização... Enquanto ainda sente sua essência junto a dele, vai fazendo pingar gotas de segurança em seu coração, gotas vermelhas que exalam frangâncias famintas de desejo. Um desejo desprovido de perdas, já foi feita a promessa de que tudo ficaria bem, e ela iria poder seguir seus passos. Suas palpitações remotas eram mais invasivas do que seus pensamentos, mas mesmo assim seu sorriso havia de se abrir. Era como se fosse sua conquista de cada dia. Um sorriso aberto, um dia iluminado. Apesar das batalhas parcialmente vencidas, borrões e buracos ficavam estampados e despreenchidos, mas muito mais, um broto de luz. Cortinas desbaratinadas e bondosamente incovenientes se abriam e, sorrisos corriam para os rostos alheios, inclusive para o seu. Uma turbulência de emoções a balançavam a ponto de fazê-la cair em si. Já não era mais a mão que a acalantava, ou os braços que a rodeavam de proteção, era apenas apoio, apoio mútuo para que todos vencessem. Ela, com seu mistério crescente, rodeada de energias e ele com sua inconstância permanente. Era curioso como tudo em sua vida circulava, sua maneira de agir, sua maneira de pensar e seus gestos. Caminhava e caminhava, feito um andarilho. Embora suas idéias partissem do mesmo lugar, suas raízes a puchavam de volta. Gritava por um marasmo libertário, ousava mais do que qualquer um, percorria lugares desconhecidos, possuía um prazer de sorrir, do mesmo modo que o beija-flor busca sua flor. No entanto, aos poucos e no caminho, suas forças eram sugadas e suas decepções a faziam voltar. Sua alma andarilha nunca deixou de gritar, gritava poder de escolha, astúcia, personalidade, mas acabava voltando. Ela sempre ouvia da boca que sabia falar que o movimento era a solução de todos os problemas, e que em suas crises supremas, estagnar era o martírio, o fim de tudo. E enfim, o que podia ser chamado de consquita, sonho, algo que se almeja, seria algo que a fizesse percorrer e nunca parar. Ela continuava andando em círculos, nem para pensar ela parava, não queria que tudo fosse perdido. Sua volta era em função do que ela tinha de mais precioso e principalmente para repor energias. Sentia que havia mais, mais do que tudo aquilo que a aguardava, sabia que tinha vivido muito, que havia ouvido muitas bocas, mas tinha certeza que algo maior estava sendo preparado para ela, sabia que havia muito mais para se viver. Embora soubesse que muito havia se feito, e até ali, o estágio evoluído seria quase um extremo, lutava pelo amor. Amava o movimento, amava os que falavam, e os que se calavam também, e muito mais os que não desistiam, continuavam adiando. Um fim proveitoso havia de chegar, e o fixo seria apenas o que ela possuía de melhor, suas raízes de ouro. Sua mania de circular jamais seria perdida, sabia que o sol iria nascer e se pôr sempre no mesmo lugar, mas ela, a cada dia que passasse, estaria em um lugar diferente, cultivando felicidade.

Um comentário:

  1. Lizandra,

    o movimento das tuas palavras deixou saudades! Depois de dias, cá estou a ler outro teu escrito e me encantar de tanta beleza,

    um beijo

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